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Se a Náutica fosse como o Carnaval, Futebol, Café, Cachaça.

Foto do escritor: Luís PeazêLuís Peazê

Photo: WBF 2024 Michell Osborne
Photo: WBF 2024 Michell Osborne

Em mil palavras o DIRETÓRIO NÁUTICO vai tentar responder nessa Conversa no píer, por que nos 8 km de costa brasileira, área marítima equivalente a quase metade do território nacional (um verdadeiro continente em si mesmo), somados os corpos líquidos – rios e lagos – a Amazônia um caso fenomenal à parte, e incluindo os aquíferos (mares subterrâneos), cujo menor, o Aquífero Guarani, é maior do que o Mediterrâneo, cada brasileiro deveria nascer com nadadeiras como aquelas do príncipe submarino -  da primeira revista em quadrinho, a Marvel (quem viu, viu).


A realidade é uma frase feita, que ninguém dá bola pra nada: vivemos de costas para o mar. Fomos “descobertos” pelos portugueses que nos empurraram para dentro do país colonizado ao custo de barganhas com a Inglaterra e outros países por pressões circunstanciais da cultura do “toma lá dá cá”. Qualquer semelhança com o comércio de favores vigente no Distrito Federal e cercanias governamentais, estatais, municipais, autarquiais pelo país afora “não” é mera coincidência.


Divagação de lado, a vertente mais potencialmente valiosa da indústria do turismo – o mais dinâmico e entre os maiores segmentos de todas as economias mundiais – é a Náutica. Tivesse ela o empuxo cultural, semelhante ao do Carnaval, do futebol, do hábito de consumo do café e da cachaça, teríamos mais uma característica genuína da qual nos apropriamos de outros países e se tornou nossa. Ganhamos com o Carnaval (salvo aberrações desse fenômeno sócio –cultural), ganhamos com a “bola”, a ponto dos americanos disputarem sua final aqui; ganhamos com o café, maior produtor e exportador do mundo (embora o pior café que produzimos esteja nas gôndolas de nosso supermercados), inventamos a cachaça e ponto final. Mas ainda não ganhamos com a Náutica. Uma única marina da Espanha abriga mais embarcações do que o Brasil inteiro.


À frente do Instituto Brasil Costal (2004), este observador fez um estudo empírico, informal até, e revelou para si mesmo que possuímos ao longo do litoral brasileiro e regiões lagunares, embarcações que foram adaptadas e guardam características de exatamente todas as parte do mundo, até do Japão que somente com a ajuda de Camões, isto mesmo, Camões*, veio a ter navios; temos heranças navais da Ásia, do Pacífico, da Escandinávia, Europa antiga, Grécia, África inteira, de todos os quadrantes do globo; vieram aqui com sede de ouro, pedras, madeira, pegar tudo o que é bom e deixaram suas influências, para o bem e para o mal.


Se por um lado não temos peixe em nossas águas marinhas, pela dinâmica geodésica das correntes do Atlântico Sul, apesar de sermos o berço de uma das únicas cinco regiões de convergência, onde inicia no mundo a cadeia alimentar, a vida no planeta; por outro lado há muitas atividades sócio-econômicamente vigorosas que podem ser levadas a sério por qualquer ser inteligente, honesto ou não. Portanto, cheguei a 500 palavras, vamos às boas ideias:


É hora dos “players” sentarem à mesa e elaborarem um plano contínuo de aproveitamento do potencial Náutico pelo  bem de todos nós, e deles mesmos.

Um estudo elaborado por dois acadêmicos (clique aqui para ter acesso ao “Economias Marinhas e Costeiras: Quantificação e medição da economia marinha brasileira”), da FURG e da PUCRS, aponta que o Brasil não tem um plano estabelecido com este propósito.


Para quem é do ramo, nem precisaria um estudo tão bem elaborado; está na cara da gente. Pior que isso, o abandono, e relaxamento mesmo das áreas costeiras e aplicação das normas mais básicas de segurança pessoal, patrimonial e também ambiental é triste. O Brasil segue a Convenção da IMO ref a controle antiincrustantes? 


Um dos destaques é o conflito entre atividades produtivas industriais, do turismo como um todo (da hotelaria à gastronomia, imobiliária à mobilidade), a logística e concentração populacional (70% litorânea a 100 km dos mais de 4000 km de largura do Brasil) e impactos ambientais.


Desde um barquinho a remos, de madeira ou plástico, a uma embarcação de porte, e/ou motorizada e a vela, movidas a energia solar ou combustível fóssil, ou mesmo desde um par de pé-de-pato, ou uma prancha de surf, a um “macarrão de isopor” a atividade Náutica envolve inúmeros vetores de hábito de consumo, leia-se economia, sem mencionar que toda esta atividade Náutica está intimamente ligada à qualidade de vida e saúde ambiental.


Se, pela ótica vigente do aquecimento global, o calor passou a ser questão recorrente, em tudo há sempre algo útil que se extraia; neste caso uma delas é o acordar Náutico. Ir para a água, sair de barco, mergulhar, nadar, remar, velejar ou ficar estirado na proa de uma lancha; inclusive para sair da aglomeração em terra firme, isto não vai, diminuir, parar.


A demanda por estruturas físicas de suporte, apoio Náutico, será cada vez maior. Aumentará a oferta de produtos, serviços e oportunidades de esporte, lazer e atividade Náutica em geral. E nem falei da Pesca esportiva.


A demanda e ações efetivas de melhoramento das condições de usabilidade dos lugares Náuticos, muitos desmazelados pela negligência (finais de baías e canais fluviais), aumentará gradualmente, no Brasil.


Espaços abrirão automaticamente para a proliferação de atividades de ensino, formação e serviços. Massa crítica de linguagem Náutica será uma realidade.  


A projeção mundial, da agência MarketsandMarkets, dos US$ 18,9 bilhões, em 2023, o “Mercado Náutico” atingirá USD 25,9 bilhões, em 2028.


Sem ir mais longe, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos projeta (clique aqui) no “Relatório do Mercados de Topo sobre Transporte Recreativo - estudo de caso por país – a recreação náutica no Brasil”, que nosso combalido país é o segundo maior destino para exportação na América Latina, e é o 170. na projeção global dos mercados alvos americanos, crescendo anualmente à taxa de 7%, projetado para atingir mais de US$80 milhões em 2030, mesmo sendo 35% a taxa de importação no Brasil, combinada com várias outras taxas. Sendo assim muito caro comprar coisa boa náutica dos USA. Ou fabricamos aqui, ou compramos da China e outras feirinhas. Pronto, mil palavras.


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*Camões poucos sabem era boêmio e muito enrolado, foi preso várias vezes e recebeu agrados dos rei de Portugal e amigos nobres do pai que era da baixa-nobreza ibérica. Velejou bastante, se envolveu em rolo na África, Índia e em Macau onde foi Provedor-mor dos Defuntos e Ausentes, cargo que o rei lhe dera e que não servia para nada, mas o mantinha longe de Lisboa. Foi nesta época que Portugal chegou ao Japão e ensinou os japoneses a construirem navios. Toda essa história é enorme e linda, como os Lusíadas, não por acaso criada e publicada enquanto o Brasil era "descoberto".



 

 







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