Este post foi alterado, porque atingi em 100% o objetivo original. Nunca ninguém em qualquer lugar do planeta teve este resultado, 100% atingido: eu queria que ninguém gostasse do que publiquei, eu pedi para nem sequer pensarem a favor ou contra e consegui, consegui "likes" zero, consegui "nenhum comentário", sucesso total. Então deletei-o. Agora vamos às histórias, entre incontáveis, de Um Jovem Publicitário Ingênuo, da década de 1990.
Mas a pergunta original fica valendo, em aberto duas perguntas em uma: como filtrar o que trafega até nós pela internet, utopia?
No início dos anos 90 (ô comunidade Z “dez pras duas”!) dirigi a campanha premiada pela Escola Superior de Propaganda para o jornal de maior circulação física do Brasil naquele tempo, O Dia. Saimos com o slogan “O Dia, Todo Mundo Lê”.
Filmamos na Central do Brasil, no Metrô, em bancos de praça, sambista, moço com capacete de engenheiro, senhor com jaleco de médico, moça com calça jeans se protegendo da chuvinha com o jornal da cabeça, senhora no supermercado, madame no salão de beleza, camelô, filmamos todos os atores sociais do Rio, com O Dia. Espalhamos outdoors (a época da gigantografia) por todos os cantos, jingles variados (pod casts)… Resultado: o grobo não conseguia levar para as bancas de jornais tantos
exemplares e vendê-los, entre 300 e 400 mil por dia, aos domingos quase um milhão, em muitas bancas sem encalhe, um fenômeno. O dono de O Dia era o Ary Carvalho, paulista fundador da Zero Hora, de Porto Alegre; e quem tocava o bonde era o Walter Mattos Jr, mais adiante fundador do jornal de esporte O LANCE, o qual assisti instalar as rotativas modernas para a época ali no Rio Comprido. Pois é, o Walter nos dera o seguinte briefing, objetivo da campanha de comunicação: mudar a cara de O Dia, que atingia as classes C, D, E em diante, mas com o novo time de Editores e jornalistas resgatados de o Jonal do Brasil afundando, novas máquinas que imprimiriam sem sujar as mãos dos leitores e, assim, novos e potentes anunciantes poderíamos prometer e garantir para as classes de A à Z “O Dia, Todo Mundo Lê”.
No ano seguinte, outra conta publicitária para a qual fui Diretor, a revista MANCHETE, celebrou o número 2000, e saímos na própria com um anúncio de homenagem: a capa Manchete 2000 e a tag line “só chega ao número 2000 quem corre atrás da notícia todo O Dia”, pack shot: O Dia Todo Mundo Lê. No mesmo arroubo
de criatividade, leia-se "escravidão", dirigia também a conta da White Martins e naqueles veículos, entre outros, disparamos a campanha de Classificados: inúmeros tijolinhos em P&B anunciando: Vendem-se, Vende-se, Procura-se, Procuram-se, para os produtos da centena de fabricantes de ferramentas e máquinas desta divisão da WM, cuja principal divisão era vender Oxigênio; o presidente da empresa uma vez brincou num almoço que "nós filtramos o ar do ar e colhemos nossa matéria prima". E isso era vendido para os hospitais, oficinas, empresas de todo o tipo, incluindo a Fórmula 1. Ar colhido do ar filtrado, em garrafas de aço.
Ah, quando apresentei a campanha, um idiota do Marketing da WM questionou a declinação verbal dos anúncios, e imediatamente liguei para o telefone pessoal do venerado Antonio Houaiss (in memoriam), para tirar a dúvida: com toda a calma e simpatia, da qual eu desfrutava comovido, quando nos reuníamos no CONDEPAZ - Conselho Brasileiro de Defesa da Paz ali na Cinelândia, ele me absolveu: para anúncios, Classificados, do jeito como o fazíamos, tudo seria permitido, e explicou bem explicadinho... Voltei pra agência e dei a notícia: a campanhazinha fora aprovada, mais uns meses de garantia da folha de pagamento de toda a agência no Rio.
boa