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Brokers Náuticos no Brasil vão na Cacunda? Quase deu cadeia, nos USA.

Foto do escritor: Luís PeazêLuís Peazê

Nos Estados Unidos, recentemente, uma ação coletiva processou a maior associação de corretores de iates do mundo, a International Yacht Brokers Association e outros, incluindo a Boat Trader, Yacht World e a operadora Boats.com Boats Group LLC, por violarem a lei antitruste ao coagir os vendedores a pagar uma comissão de 10% do preço de venda de uma embarcação que é dividida entre os agentes para ambos os lados em uma venda.


Isso foi em Miami, Florida, uma briga de vendedor de barco com vendedor de barco, grupal.


Os poderosos réus se defenderam alegando que os demandantes estavam tentando "piggyback" em processos contra corretores imobiliários e o grupo comercial National Association of Realtors.

Em 2024, uma onda de processos abalou o setor imobiliário residencial, levando a mais de um bilhão de dólares em acordos entre vendedores de imóveis e grandes corretoras imobiliárias dos EUA -  a motivação dos processos eram as comissões e exigências de associações para brokers.


No marketing, sabe quem vem lá de trás e não aceita apenas vídeos do Instagram como ferramenta de comunicação, a prática de “piggback” significa uma marca tecnicamente concorrente apoiar-se na sua “adversária”, consensualmente, e as duas ganharem vantagens de mercado. Uma estratégia semelhante ao “marketing de guerrilha”, ou quase isso.


A tradução literal “piggyback” etimologicamente falando vem do sintagma “kakunda” da língua Quimbundo, noroeste de Angola, que para nós tupiniquins transformou-se em cacunda. E quem nunca andou na cacunda, quando era criança ou no carnaval, não sabe como é bom.


Mas será que os brokers náuticos brasileiros estão andando na cacunda, digamos por exemplo da Acobar, que mantém uma lista de brokers náuticos e até mesmo um Código de Ética e imposições circunstanciais para a prática do broker náutico? Leia aqui o Código de Ética para Brokers da Acobar.


– Espere um pouco, associação de construtores de barcos normatizando deontologia a vendedores de barcos usados? Como este texto é líquido, fica aberto o canal para interações.


Esta questão leva a outras paralelas na atividade de venda de embarcações, o “survey” e o seguro náutico.


Não temos ainda no Brasil uma prática consolidada de “survey”, “inspeção e avaliação” náutica, nem falar em normatização desta atividade, útil mas ainda não valorizada. Neste caso, como a seguradora avalia o valor patrimonial do bem, para segurá-lo adequadamente?


Lá nos Estados Unidos a atividade de survey é um “must” pulverizado. Quando trabalhei na maior loja da West Marine, em Oakland, Ca, como “store supervisor”, era frequente um cliente pedir-nos indicação de um bom survey. – Ah, sim, Sr, um momento. Pegava-se no arquivinho de papel, ainda não existia o mobile phone, e graciosamente atendia-se o cliente com duas ou três recomendações.


Survey Boat Consultoria Náutica
Survey Boat Consultoria Náutica

Em Portugal tive algumas experiências “européias” próprias e observando o trade, ao participar de trade shows e quando comprei um Sadler 36, modelo tradicional inglês, e ano seguinte o vendi. Na peregrinação pelas zonas do Porto ao Algarve, para acabar decidindo em Lisboa deu para perceber que os patrícios estão mais adiantados do que nós.


Aqui, temos bastante brokers e poucos surveyors . Pode-se dizer no geral que, de um lado o interessado em vender (proprietário ou alguns brokers), realça com imagens, ou inibe imagens de certas áreas do barco à venda e isto é no mínimo burrice. – Eu, por exemplo, ao ficar desapontado com o que vi, sugeri para um vendedor proprietário retirar todos os itens soltos do barco, limpá-lo, limpar bem o barco, fazer uma lista daqueles itens, fotografá-los guardados, listar os probleminhas e problemões do barco, e todas as vantagens que ele, proprietário, possa realçar. Simples. Ou contratar um vendedor & inspetor que lhe recomende o mais apropriado para aquela embarcação. Pronto, a comissão de venda valerá a pena.



Sobre aquela pendenga de Miami, não deu cadeia: o juiz distrital dos EUA, K. Michael Moore, decidiu que os autores da acusação não conseguiram mostrar, provar, a conspiração, do poderoso grupo de corretoras de barcos, associações de corretores de iates e o serviço de listagem de iates.


Nossa indústria Náutica, nos 8.000 mil km de litoral, em nossos corpos líquidos que perfazem uma área maior do que a área terrestre do próprio país, estamos longe de termos pendengas destas da cacunda em Miami, felizmente. Mas ainda não aproveitamos todo o potencial náutico de que dispomos. O que é uma boa notícia, pois é só aproveitar “um horizonte a mais”.


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Vale a pena ler este artigo publicado no Jornal Economia do Mar, de Lisboa, sobre um profissional do meio náutico, angolano, deixar o Brasil com marcas no rosto das bofetadas do modo covarde de lançamento plano Real, e montar o maior complexo do trade náutico em Portugal – o Grupo Siroco – loja, serviços, broker & survey.




 

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Luís Peazê: Escritor, Jornalista, Tradutor

www.luispeaze.com 

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