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Luís Peazê

O Despachante – a explosão tecnológica não consegue evitar nós sem ele, pelo contrário.


No início era um verbo, “go to”, era da pedra da computação, logo em seguida vieram os nós matemáticos, “hubs”, sub rotinas, “if” e não levou uma década (70/80) para o mundo ser inundado por algoritmos. Nesse cenário dinâmico, a indústria que verdadeiramente move o mundo, a da logística, que se arrastou pelos mares, ares, rios e estradas sempre esbarrando em problemas burocráticos e de infraestrutura, passou a tropeçar, cair e levantar (no Brasil) na profusão de tecnologias que mobilizam os modais de transporte e serviços de logística.

Independentemente do crescimento positivo ou negativo da economia de um país, das sucessões de crises e proliferação de conflitos sócio-políticos e guerras, a figura do Despachante, hoje e (novamente) no Brasil, o Despachante Aduaneiro, para situar aqui a figura específica, é fundamental talvez mais do que nunca.

Acontece, em São Paulo, o XXIV Fórum Internacional de Supply Chain, Expo-Logística 2018, evento realizado pelo ILOS – Instituto de Logística e Supply Chain, assim, conversamos com Cesar Lavalle, um dos sócios fundadores do ILOS e responsável pelo evento.

Segundo Lavalle, “a ênfase da programação do evento, do elenco de assuntos a serem abordados, nasce espontaneamente a partir das sugestões dos participantes”. Deste modo, neste vigésimo quarto capítulo, não poderia deixar de ser nas tecnologias disponíveis e no custo da logística. Meio e fim, poderia ser dito, em qualquer negócio. O meio pela agilidade, stream-line se possível; o fim, pela viabilidade dos clientes de logística poderem focar seus principais esforços no seu “core” de atuação. Por exemplo, um fabricante de palha de aço, na facilidade de fazer chegar seu produto à gôndola de supermercado.

Lavalle não demora muito para destacar que o principal problema, no Brasil, tanto no ambiente doméstico quanto no setor importação/exportação, continua sendo os entraves de nossa infraestrutura, a fragmentação precária de nossa matriz modal e, consequentemente os custos, que, por sua vez, são os mais altos do mundo não só pela precariedade de nossas vias e meios de escoamento, mas também pela brutal sobrecarga fiscal, em dinheiro mesmo e arcabouço de leis e normas, tributos e regulamentações.

O especialista Lavalle destaca de modo simples três áreas que deveriam funcionar “azeitadas” no mesmo nível, mas infelizmente não é a realidade: operacional, que vai bem apesar dos pesares, tanto nos aeroportos quanto nos portos e centros de distribuição de grandes empresas; no sistema de informação, abundante e facilmente acessível; por fim a financeira, nevrálgica e sofrível, desde o custo do frete propriamente dito à alta tributação.

Nesse cenário as filas de navios e caminhões são resultantes da precária oferta de modais destinados a movimentação de grandes volumes e longas distâncias, como o ferroviário e o aquaviário. Mas, contra a corrente, no Brasil, cresce a participação do modal rodoviário na matriz de transportes, consequentemente o aumento no preço de frete (relação demanda x oferta), sem mencionar os imbróglios das classes de trabalhadores dessa indústria.

A programação do XXIV Fórum Internacional de Supply Chain – Expo.Logística 2018, protagonizada 60% por profissionais de nível CEO e alta gerência, durante 3 dias, de 18 a 20 de setembro, no Hotel Tivoli Mofarrej, SP pode ser vista na íntegra aqui >>> https://www.forumilos.com/programcaogeral

Se o negócio é despachar gato, cachorro, papagaio, arma de fogo, alhos e bugalhos, a quem recorrer?

90% do transporte no mundo continua sendo por navios, enquanto, segundo a CNT – Confederação Nacional do Transporte, o transporte aéreo de carga viva, de objetos e bens, incluindo correios, cresceu à taxa de aproximadamente 10% de 2016 a 2017 com um volume de 1,25 milhão de toneladas, sendo o transporte aéreo internacional responsável pela movimentação de 65% desse volume.

Seja por navio ou avião, no ambiente internacional a variedade de itens transportados só aumenta, assim como as particularidades e demandas legais que vão desde exigências sanitárias e ambientais à segurança. É possível imaginar que um sistema totalmente automatizado seja 100% eficiente e íntegro sem a necessidade da mão humana, desde as orientações iniciais à conferência? Óbvio que não. Então fomos a uma outra ponta ouvir um especialista imprescindível:

Eder Sarno de Almeida, despachante credenciado e Diretor da ESA Cargo http://www.esacargo.com.br, empresa especializada em apoio logístico em áreas que vão desde o transporte internacional de animais desacompanhados a mudanças em geral para o exterior, e importação & exportação de mercadorias, como por exemplo alho da China, e tudo o que aquele continente produz e vende para o resto do mundo.

Se você pensa que a onda de novas tecnologias, desde a “supply chain digital” aos serviços de logística em geral, incluindo as demandas “on-line-to-off-line” e o intricado novelo ERP que amarra o ambiente “ohmnichannel” faz dispensar a antiga “papelada”, ou o “carimbo”, enganou-se. Isto é, em alguns ambientes tudo de fato pode ser feito pela tela de um notebook ou tablet, ou até smartphone, e com certificados digitais. O que não pode faltar é a presença pontual e eficiente do Despachante Aduaneiro. Tratamos aqui apenas do transporte internacional.

A legislação brasileira confere ao Despachante Aduaneiro, legalmente credenciado, a autoridade única para liberação alfandegária de cargas que chegam em nossos (aero)portos ou deles saem para outros países. Ponto final. Nasce então a pergunta: Pode um profissional atuar neste meio sofisticado e de legislação intrincada, e mutante, sem conhecimento técnico, legal e prático? Ou, como ser eficiente neste enredo complexo?

“Quando este profissional possui vivência corporativa, aumenta a sua capacidade de prestação de serviço e eficiência”, nas palavras de Eder de Almeida, com mais de uma década de atuação no mercado à frente de sua própria empresa, oriundo de grandes corporações multinacionais e experiências ecléticas tais como liberação de cargas para grandes eventos internacionais no Brasil, como a Copa da Confederações de Futebol, a Copa do Mundo e as Olimpíadas 2016.

Eder de Almeida comenta que as empresas aéreas, por exemplo, atendendo as exigências do trade e seus calendários de revisão e manutenção de aeronaves, precisam importar de seus países de origem peças de reposição e consequentemente a liberação das mesmas, ali mesmo no aeroporto, ao lado do seu galpão de estacionamento do avião; parece ironia, mas é lógico que precisa a liberação aduaneira apropriada e, neste hora, somente o Despachante com capacidade para este serviço pode assistir a liberação sem ameaçar o calendário das empresas aéreas. Da mesma forma, lembra ele, que sua empesa também atende a mudanças de executivos de grandes conglomerados.

Naqueles eventos esportivos, exibidos globalmente, Eder assistiu atletas e delegações quanto ao desembaraço na recepção e posterior despacho de cavalos de competição, armas, equipamentos de empresas de mídia e medicamentos das equipes esportivas.

Com relação a armas, por exemplo, Eder participa regularmente da FEIRA INTERNACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA E CORPORATIVA tendo como cliente, entre outros, o próprio Exército brasileiro e ele garante: não há produto mais sensível, quanto à legislação, manuseio e segurança do que armas e munições.

De alimentos (produtos de importação e exportação) a bens duráveis de toda a natureza, segundo Eder, há um segmento que vem crescendo bastante nos últimos anos; o transporte de animais de estimação, entre eles, os mais frequentes, gatinhos e cachorros de todos os tamanhos, e temperamentos.

O despachante nesse caso é importante para orientar quanto à correta vacinação do animal, inclusive ir até a casa do cliente para fazer a coleta e vacinar, um procedimento delicado. Envolve a aplicação de um microchip no animal que atenda a “compliances” ISO, amostra de sangue para o laudo de sorologia em laboratório credenciado, pela União Européia, ou, se for o caso, da América do Norte, dependendo para onde viajar o bichinho.

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